domingo, novembro 25, 2007

Regra de Etiqueta

"Tudo deve ter começado na França, é claro. A regra era: os atos polidos distinguem os nobres dos plebeus. Até que um belo dia um camponês vestiu-se como nobre, aprendeu a agir como nobre e assim, na corte foi tido como tal. Voltou ao campo e patenteou sua idéia. Pronto, foi a semente da mobilidade social."

        Como cumprimentar: a)homens, b)mulheres, c)superiores do trabalho... Como falar ao telefone: a)quando ligar, b)duração, c)quem se despede... À mesa: a)como servir, b)o que servir, c)que talheres utilizar... Para festas: a)estilo de traje, b)o que conversar, c)como presentear... Regras e mais regras de etiqueta. O próprio nome já sugere um aprisionamento: regras. Não é possível fugir à regra, ou você estará fazendo "fazendo feio" e cometendo "gafes".
            As cidades estão cada vez mais abarrotadas de gente e para a boa convivência são então postas as ditas "regras". Ao abrir um caderno de cultura de qualquer jornal, em algum canto, ou mesmo em colunas inteiras lá estarão elas. Na televisão, programas sobre o assunto, ou quadros que respondam as dúvidas dos telespectadores. Jornalistas com especialização em moda, que viram consultores de etiqueta e lançam guias "práticos e modernos" de comportamento. É muito papel, tempo e gente dispenso em um assunto que poderia se resumir em uma palavra: educação.
Eu fico imaginando quem um dia determinou que deveriam haver regras de etiqueta e por que elas deveriam ser de tal maneira. Tudo deve ter começado na França, é claro, como grande potência que sempre foi e exportadora de moda nas artes, culinária e vestuário. A regra era: os atos polidos distinguem os nobres dos plebeus. Até que um belo dia um camponês espertalhão vestiu-se como nobre, aprendeu a agir como nobre e assim, na corte foi tido como tal, sem desconfiança alguma. Voltou ao campo e patenteou sua idéia: dissuadiu seus companheiros de que se eles pudessem parecer nobres, poderiam se transformar em nobres. Inventou lá os dez mandamentos da etiqueta, ensinando como portar-se na corte. Pronto, foi a semente da mobilidade social. É claro que mais tarde os comerciantes burgueses tiveram grande parcela de culpa nessa história, e também que tudo isso são apenas conjecturas da minha fértil imaginação. De qualquer modo as regras foram criadas e as pessoas tendem a segui-las.
As pessoas comprar os livros, lêem os jornais e assistem aos programas querendo aprender a "ser chique". E onde está a espontaneidade? Os costumes de uma pessoa ou mesmo de uma família dizem muito sobre nossas culturas. Uma mesa de almoço de uma família nobre francesa é totalmente diferente do almoço de uma família de imigrantes italianos no interior no Brasil, por exemplo. Ao que no primeiro exemplo vamos ter pessoas impecavelmente polidas, ao redor de uma mesa cheia da mais fina prataria organizada milimetricamente, contendo porções minúsculas de comida; na outra vamos ter uma mesa gigantesca com filhos, netos, tios, primos com pratos abarrotados de comida, gritando e conversando entre si.
Bom, consideremos os estereótipos, mas ainda assim as variáveis não são muito grandes. E sem desmerecer nenhuma situação, cada uma está enraizada em suas tradições familiares e culturais. Essas diferenças são ricas e bonitas, e interessantes de serem mantidas. Faltar com educação jamais?! E por que não, se para os árabes arrotar após a refeição significa grande apreciação pelo cardápio. O que para nossa cultura ocidental seria de extrema má educação. Cada um com suas boas maneiras, suas tradições. Conhecer os formalismos das "boas maneiras" oficiais tudo bem, mas não deixar que isso vire regra, que regule nossa vida e muito menos que modifique a essência do que somos. Essa é a regra.




Carolina  Abelin Willeker


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segunda-feira, novembro 19, 2007

A banda de um homem só

A Bomba explodiu! Devastou e transformou tudo que estava a sua volta. Construiu, desconstruiu, deu origem, sepultou. Até que em uma noite, da maneira mais clássica possível, o algoz dessa fúria saiu dos palcos para entrar na história do Rock n'Roll, como o seu ultimo grande "band líder". Kurt Cobain tomou sua última dose no dia 5 de abril de 1994, dando fim a um dos fenômenos mais rápidos e intensos que o Rock já viu. Com a morte de Cobain e o conseqüente fim do Nirvana, Chris Novoselic e Dave Grohl decidiram enterrar a banda junto com o corpo de Kurt, para evitar qualquer estigma, ou reacender qualquer fantasma do Nirvana. Os dois também resolveram não tocar mais juntos.

As músicas do Nirvana eram, em maioria, compostas por Kurt. Não havia espaço para as composições de Dave, que as guardou até o fim da banda. Por isso, um ano após o fim do Nirvana, Dave Grohl entrou em estúdio e gravou todos os instrumentos do seu primeiro CD, dando origem a uma banda que foi denominada Foo Fighters. Grohl não desejava que o Foo Fighters fosse um projeto de um homem só. Então foi a procura de músicos para integrarem a sua banda. Arrebanhou os integrantes necessários para fazer shows e em alguns meses o Foo Fighters já tinha singles consagrados. Esse álbum ainda traz muito do peso do Nirvana e para mim é um dos (se não o) melhor da banda.

O sucesso do Foo Fighters foi enorme e em 1997 saiu o segundo CD, "The Colour and the Shape". Em 1999 veio "There Is Nothing Left to Lose". No final de 2002, "One by one". Nesses 7 anos, 4 CD's, muitos singles e integrantes diferentes. Mas o Foo Fighters tinha uma cara, e era a cara de Dave Grohl. Sucessos como "Big me", "Learn to fly", "Times like these", "All my life" entre vários outros, ergueram o Foo Fighters ao status de grande banda.
Em 2005, ano que completou 10 anos, a banda lançou seu quinto CD, "In your honor", um duplo meio elétrico, meio acústico. A parte elétrica traz um Foo Fighters tradicional e pesado, de muito bom gosto. Mas é a segunda parte que merece destaque. Desplugado, a banda se transformou e apresentou grandes músicas como "Virginia Moon", uma Bossa Nova ao melhor estilo Tom Jobim. Esse acústico proporcionou uma turnê. Dave, em entrevista a MTV até brincou que já estava cansado de gritar.

A poucos dias o Foo Fighters lançou seu último CD, "Echoes, Silence, Patience and Grace". O CD é aberto com "The Pretender" música ao melhor estilo Foo Fighters, relembrando antigos sucessos da banda. Esse estilo permanece até metade do CD, quando a monotonia é quebrada por "Stranger Things Have Happened", onde Grohl acompanhado por apenas uma viola e um instrumento de percussão, que parece castanholas, desempenha toda sua interpretação no vocal.
Já "Summer's End" lembra um Blues elétrico, enquanto em "The Ballad of the Beaconsfield Miners" dois belos violões duelam em um Folk. Na seqüência, as baladas "Statues" e "Home", que são acompanhadas por um piano tocado por ele mesmo, (- Sim, acreditem! Ele também toca piano!) Dave Grohl.

"Echoes, Silence, Patience and Grace" prova realmente o que é Foo Fighters: uma banda multifacetada que toca o que gosta e o que quer. Tudo isso graças a genialidade de Dave Grohl, o comandante de uma banda de um homem só!
 
Willian Araújo


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quinta-feira, novembro 15, 2007

O Jogo do Zodíaco

Os grandes filmes demoram a ser descobertos. Zodíaco (2007) passou despercebido pelos cinemas, pelos festivais, pelos camelôs, pelo Emule e por todas as outras redes oficiais e clandestinas de exibição. Lançado nas locadoras há pouco mais de um mês, o filme de David Fincher começa a conseguir parte de todo o reconhecimento que um dia vai merecer.
 
Os filmes de "caça ao serial killer" sempre foram tidos como um gênero menor, como filmes "B". Raramente mereceram por parte do público uma atenção que fosse além da sala de projeção. Basicamente, os espectadores esperavam por sustos e pela surpreendente revelação do final. E quanto a isto eles não podem reclamar, pois o cinema americano traz todos os anos inúmeros exemplares do gênero. Agora, um exemplar do gênero como Zodíaco é raro, se não único.
 
Em 1968, jornais de São Francisco – CA começam a receber mensagens cifradas de alguém que diz ser o responsável por uma série de assassinatos que aconteceram em cidades próximas. O suposto assassino, que se identifica pelo nome de Zodíaco, ameaça dar seqüência aos crimes caso os jornais não publiquem as mensagens.
 
No filme dirigido por David Fincher (Seven, Clube da Luta), acompanhamos os jornalistas do São Francisco Chronicle, Robert Graysmith (Jake Gillenhaal) e Paul Avery (Robert Downey Jr), e os policiais David Toschi (Mark Ruffalo) e William Armstrong (Anthony Edwards), nas investigações para tentar chegar à pessoa que se esconde por trás do codinome Zodíaco.
 
Fincher sempre se destacou pelo primoroso trabalho técnico. Porém, neste filme ele superou as expectativas. Desde a primeira tomada exibindo a noite de São Francisco iluminada pelos fogos de artifício é impossível não dizer que poucos trabalhos de fotografia no cinema conseguiram captar de forma tão esplendorosa um cenário urbano. Juntamente com a fotografia de Harris Savides, os trabalho de direção de arte e de figurino conseguem ir além das monótonas reconstituições de época. A sensação ao assistir Zodíaco é de estar vendo um filme que foi rodado na década de 60 com a tecnologia do século XXI.
 
Impressiona a facilidade com que o filma transita por vários gêneros, passando do terror para a comédia e da comédia para o drama de forma bastante convincente. Aliás, grande parte da força do filme se deve a alternância de situações dramáticas e cômicas, onde o diretor consegue construir um jogo de contrastes que causa surpresa e nervosismo no público. Difícil não ficar aflito com a cena que mostra um casal de namorados sendo atacados de forma tão violenta na beira de um lago em uma bela tarde de primavera. É como colocar um filme de terror dentro de uma comédia romântica.
 
Apesar de as seqüências de assassinato estarem presentes e serem muito bem construídas, elas são secundárias no filme. O que interessa ao diretor é explorar a obsessão dos personagens para descobrir quem é o Zodíaco. Este enfoque revela uma evolução do cinema de Fincher se comparado ao seu primeiro filme policial. Em Seven as angustias dos personagens ficavam em segundo plano com relação ao jogo sádico do assassino, em Zodíaco o jogo é figurativo e os personagens são a essência.
 
O que contribui para esta escolha do diretor é o excelente trabalho do elenco. Principalmente de Robert Downey Jr, que interpreta o jornalista Paul Avery com total naturalidade, mostrando que atuar vai muito além de usar o verbo e as lágrimas.
 
Outro destaque é o roteiro escrito por James Vanderbilt. Ele consegue registrar de forma muito precisa todos os detalhes que envolveram o caso. O nome das pessoas, dos lugares, a coleta de evidências e a consulta de datas e documentos. É um prazer acompanhar um filme que durante os seus mais de 150 minutos nunca se torna confuso ou cansativo.
 
Zodíaco mantém o foco no processo de apuração e principalmente nas dificuldades que atrapalham ou que muitas vezes inviabilizam este processo. Entre as quais a vaidade, que acaba colocando jornalistas e policiais em campos opostos, terminando por comprometer a investigação. Também ressalta de forma muito perspicaz as dificuldades de se trabalhar em conjunto numa época em que computador era artigo militar.
 
Ao abordar o trabalho de duas profissões que lidam com a "verdade" e que buscam obsessivamente encontrar respostas, Zodíaco parece afirmar que todas as vezes que o ego fica acima do compromisso e a tecnologia abaixo do esperado, a única certeza que resta é a da dúvida.
 
 
Maicon Paim


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sábado, novembro 10, 2007

Entrevista

Com chumbo grosso e sem papas na língua
 
Recentemente foi lançado o novo livro do escritor santa-mariense Vitor Biasoli. "Uísque sem Gelo" é uma coletânea de 12 contos que retratam os dilemas da geração de 1970. Os contos foram escritos há trinta anos atrás pelo escritor e foram recentemente relidos, ajustados e organizados com a ajuda de amigos como Leonardo Brasiliense pra compor o livro. O livro é editado pela Editora Movimento e tem apresentação do escritor Orlando Fonseca.
 O autor de "Calibre 22" desta vez aumenta o chumbo e dispensa gelo para falar da juventude da década de 70, em entrevista Biasoli com sua personalidade calma e divagando a cada frase, fala sobre "Uísque sem gelo":
 
Como foi a composição do seu novo livro?
 Vitor: O livro é na verdade uma coletânea de contos que eu escrevi alguns anos atrás. São contos sobre os anos 70/80 quando eu estava estudando e morando em Porto Alegre. A maioria deles remetem à Porto Alegre dessa época, tem dois contos apenas ambientados fora da capital que é um em Pelotas e outro em Santa Maria em 1997.
 
Existe alguma temática que permeia o livro e une os contos?
 Vitor: Na verdade todos eles abordam o comportamento da geração de 70, do ideário da minha juventude, do ideário de esquerda, do embate com o regime limitar, dos namoros e da problemática sexual. Como no conto que dá nome ao livro, o Uísque sem gelo, o maior conto que eu digo que é quase um romance, é sobre um rapaz de seus 22 anos que larga a faculdade e vai morar sozinho, então tem várias coisas que ele tem que descobrir e em uma época que tudo era mais difícil não era como hoje, tudo era um drama, até mesmo as relações com as namoradas, por exemplo.
 
Há também um conto escrito na perspectiva feminina. Eu quis brincar com isso que a literatura te permite, né que a ficção te permite, que é de deslocar o narrador do próprio ponto de vista. É um conto que traz três cartas escritas por uma mulher casada. Foi um grande exercício. Agora eu encontro as minhas amigas e pergunto: "E aí? Convenceu?!" [risos]
 
Como tem sido a repercussão do seu livro?
 Vitor: Ah tem sido ótima!Sim as pessoas param e me falam sim, esse professor que acabou de sair (Professor André Fertig), por exemplo ele me disse que ao ler conseguiu identificar vários personagens típicos de Porto Alegre daquela época, sabe coisas assim. O Francisco Dalcol leu e me disse que os contos remetiam à Caio Fernando de Abreu, eu fico lisonjeado por estar sendo comparado a ele, mas acho que não é verdade. Eu conheci o Caio e convivi com ele, li muito o Caio também, mas não acredito que meus contos remetam aos dele. O Caio era um sujeito muito louco!Eu sou um cara mais certinho, assim como a minha escrita. Se for pra falar de referências eu vejo muito mais de Rubem Fonseca, Nelson Rodrigues e Dalton Trevisan neles (os contos), sabe eles estão muito mais presentes ali.
 
Nossa com nomes como esses devem ser contos com alguma censura!?
 Vitor: É pra mim é difícil ficar falando sobre o livro porque eu digo que se foram feitos em contos é porque eu não falaria disso de outra forma, foi o jeito que eu achei de me expressar e não de outra forma. Eu troco muita idéia com a minha mãe, ela lê e comenta muito comigo e eu resumo eles (contos) em uma frase que ela me disse que é: "Vitor esse livro eu não recomendaria pra ti como filho"! [muitos risos]Pra ti ver né!
 
 
Carolina Abelin
 
 
 
 
 
 
 
 
 


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segunda-feira, novembro 05, 2007

Cidade Carrefour

Cidade Carrefour
 
O evento mais aguardado do ano, em Santa Maria, aconteceu no dia 31 de outubro, quarta-feira. A inauguração do supermercado Carrefour contou com fogos de artifício e com a presença de milhares de ávidos consumidores. As fotos dos jornais evidenciam o impressionante número de pessoas que lotou o antigo espaço do colégio Hugo Taylor na manhã de quarta-feira. Na verdade, mais do que movidos pelo consumo, as pessoas queriam era estar presentes no dia da abertura do mais novo espaço de lazer da cidade.
 
Os supermercados se tornaram mais do que lugares em que compramos as necessidades do dia-a-dia, se tornaram também os lugares em que investimos nossas horas vagas. O carrinho, além de servir como suporte para as compras, serve também para facilitar o nosso passeio pelos corredores montados com inúmeras prateleiras e produtos multicoloridos. Portanto, já nem nos importamos mais se podemos comprar ou não determinado produto, pois a satisfação visual gratuita compensa qualquer frustração monetária. O ambiente climatizado nos mantém seguros das constantes mudanças do tempo e o som ambiente torna mais divertida a nossa permanência entre as mercadorias. Assim, muitas vezes, passamos horas e nem sentimos o peso do tempo, afinal a cada corredor há uma atração diferente.
 
Provavelmente, o supermercado e o shopping sejam os grandes espaços de lazer e socialização da nossa época. Se na Grécia havia a praça, nós temos o supermercado e o shopping, ou seja, nós transferimos um espaço público (praça) para um espaço privado e ao invés de discutirmos sobre os problemas da pólis, fazemos observações sobre produtos expostos em prateleiras e vitrines.
 
O fato de trocarmos um colégio por um supermercado e as carteiras pelas gôndolas pode causar alegria, tristeza ou indiferença, mas independente do sentimento, fica claro que os valores mudaram e que a coisa mais importante na "cidade cultura" é passear na manhã de uma quarta-feira pelos corredores de um supermercado.
 
 
Maicon Paim


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sábado, novembro 03, 2007

Cidade do Silêncio

A Cidade do Silêncio
 
Vanessa Backes

A cidade do Silêncio
é uma trama que trata da exploração do trabalho feminino, do abuso e violência que sofrem as mulheres na fronteira dos EUA com o México. Jenifer Lopez interpreta a jornalista Lauren, uma americana ambiciosa que aceita investigar a série de estupros seguidos de morte em troca de um bom cargo de correspondente internacional em um jornal de Chicago. Para isso, a jornalista viaja até a cidade de Juarez no México em busca de denúncias de como ocorrem esses assassinatos. Ao longo da investigação Jenifer conta com o apoio de um antigo amigo e jornalista da cidade, interpretado por Antônio Bandeiras. Ainda no elenco do filme encontramos Sônia Braga que interpreta a dona de uma casa de recuperação e apoio a jovens.
A temática do filme é de extrema relevância já que, segundo o Instituto Nacional de Saúde Pública, 33% das mulheres mexicanas com mais de 15 anos sofrem abuso e violência. Foram assassinadas 398 mulheres na região de Juarez de 1993 a 2006. No entanto, a interpretação da protagonista não convence como jornalista investigativa. A fotografia do filme é típica das histórias que retratam o submundo da América Latina: Juarez, uma cidade com mais de um milhão e 300 mil pessoas, com pouca infraestrutura, políticos corruptos em um sistema que explora o trabalho e mulheres submissas que não contam com nenhum tipo de defesa.
O filme foi lançado em 2006, com roteiro e direção de Gregory Nava e tem duração de 115 minutos.


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sexta-feira, novembro 02, 2007

Cite um clipe que você considera de qualidade inquestionável. Vejamos, com certeza ele não deve ter custado menos de R$ 30 mil. O 'Rei do Pop' e dos videoclipes, Michel Jackson, gastou US$ 7 milhões para fazer o clipe de 'Scream'.

É nessa lógica que poucos artistas independentes conseguiam fazer o seu clipe. Porém, os tempos são outros: o custo da tecnologia necessária para essas produções é baixo. Atualmente até câmeras de celulares tem qualidade suficiente. A divulgação se tornou simples com a popularização da internet e a criação de sites como o 'You Tube'. Assim, artistas independentes têm como fazer um clipe com boa qualidade e divulgar sem, praticamente, nenhum gasto.

Com essa facilidade surgem clipes muito bons, como o da banda santa-mariense, Crema. O grupo tem apenas um ano e sete meses, mas já rodou o seu primeiro clipe. "Você sabe sim" é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores clipes já feitos no interior do estado. Batemos um papo com vocalista da Crema, Márcio Echeverria, sobre como foi a produção desse clipe e a Cena Rock de Santa Maria:

Culturálhia: Fale sobre o primeiro clipe da Crema, "Você sabe sim":

Nosso clipe está bem psicodélico, é um clipe bem visionário. Quem fez foi o Mauricio Canterle. Foi ele que teve aquelas idéias, do cego e da TV que tem tudo a ver com a letra de "Você sabe sim".

Culturálhia: Qual foi o gasto com a produção?

Cara, gastar a gente gastou pouco. É tudo na parceria. Tu precisa de uma câmera, eu pedi para agência Ensaio, onde eu trabalhei um tempo. O Mauricio, que dirigiu e editou o clipe, trabalha na Finish, ele conseguiu emprestado o Cromaki. No meu edifício tem um salão de festa muito legal, ai gravamos lá. Precisávamos de um espaço grande, mas o sindico não queria deixar, então prometemos não fazer barulho. O baterista só fingia que estava tocando (risos). Então montamos o Cromaki no salão, pegamos a câmera, comprei umas fitas, deu uns 30 pila. Gravamos isso em uma tarde e a edição ficou a cargo do Mauricio, já que ele trabalha na Finish, foi fazendo nas folgas do trabalho. Levou cerca de 2 meses.

Culturálhia: Qual é a característica da banda, que estilo vocês fazem?

É um meio rock psicodélico, com características do rock da década de 60 e 70, e com letras em português. A gente toca um repertório de rock'n'Roll. Eu como sou vocalista e toco teclado, valorizo bem esse lado dos caras que tocavam teclado e faziam rock'n'roll, como: Little Richard, Jerry Lee, Stevie Wonder, Ray Charles, Fito Paez... Eles são parte da influência do que a gente está fazendo. Temos esse clipe de "Você sabe sim", nossa primeira gravação, e agora estamos ensaiando mais uns sons da banda que pretendemos lançar entre novembro e dezembro.

Culturálhia: Em que local vocês tocam aqui em Santa Maria?

A gente toca muito no Macondo. É que aqui o lance dividido. Tem o Macondo que toca as bandas de rock, bandas independentes e o outro lado da cidade que é mais comercial. Mas eu não reclamo, imagina se não tivesse nada! A gente toca todo o mês, tu pode fazer teu público. Ai tu trabalha, cola cartaz, divulga, usa a internet para divulgação. E tu tem o retorno, porque a galera vai, a galera curte as bandas que tocam. Tu está ali e o pessoal na frente curtindo e depois do show rola uma interação.

Culturálhia: Quando será a próxima apresentação?

No dia 23 de novembro a gente vai tocar no Macondo com a banda Renascentes de Porto Alegre. Depois vamos pra lá, tocar com eles no Garagem.

Culturálhia: Que bandas de Santa Maria tu gosta?

Eu moro a cinco anos em Santa Maria, mas sou natural de Bagé. Quando tinha uns 12 anos, havia um circuito de rock que a banda vencedora foi a Doce Veneno. Eu gostava muito dessa banda. Gosto também da Vera Loca e Red House. Também tem as de rock'n'roll mais pesado como Outhouse, que eu acho muito boa. Mas as bandas em geral são boas, tem músicos excelentes aqui em Santa Maria.

Você pode conferir o clipe "Você sabe sim" no My Space da Crema: www.myspace.com/bandacrema

William Araújo




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