sábado, novembro 10, 2007

Entrevista

Com chumbo grosso e sem papas na língua
 
Recentemente foi lançado o novo livro do escritor santa-mariense Vitor Biasoli. "Uísque sem Gelo" é uma coletânea de 12 contos que retratam os dilemas da geração de 1970. Os contos foram escritos há trinta anos atrás pelo escritor e foram recentemente relidos, ajustados e organizados com a ajuda de amigos como Leonardo Brasiliense pra compor o livro. O livro é editado pela Editora Movimento e tem apresentação do escritor Orlando Fonseca.
 O autor de "Calibre 22" desta vez aumenta o chumbo e dispensa gelo para falar da juventude da década de 70, em entrevista Biasoli com sua personalidade calma e divagando a cada frase, fala sobre "Uísque sem gelo":
 
Como foi a composição do seu novo livro?
 Vitor: O livro é na verdade uma coletânea de contos que eu escrevi alguns anos atrás. São contos sobre os anos 70/80 quando eu estava estudando e morando em Porto Alegre. A maioria deles remetem à Porto Alegre dessa época, tem dois contos apenas ambientados fora da capital que é um em Pelotas e outro em Santa Maria em 1997.
 
Existe alguma temática que permeia o livro e une os contos?
 Vitor: Na verdade todos eles abordam o comportamento da geração de 70, do ideário da minha juventude, do ideário de esquerda, do embate com o regime limitar, dos namoros e da problemática sexual. Como no conto que dá nome ao livro, o Uísque sem gelo, o maior conto que eu digo que é quase um romance, é sobre um rapaz de seus 22 anos que larga a faculdade e vai morar sozinho, então tem várias coisas que ele tem que descobrir e em uma época que tudo era mais difícil não era como hoje, tudo era um drama, até mesmo as relações com as namoradas, por exemplo.
 
Há também um conto escrito na perspectiva feminina. Eu quis brincar com isso que a literatura te permite, né que a ficção te permite, que é de deslocar o narrador do próprio ponto de vista. É um conto que traz três cartas escritas por uma mulher casada. Foi um grande exercício. Agora eu encontro as minhas amigas e pergunto: "E aí? Convenceu?!" [risos]
 
Como tem sido a repercussão do seu livro?
 Vitor: Ah tem sido ótima!Sim as pessoas param e me falam sim, esse professor que acabou de sair (Professor André Fertig), por exemplo ele me disse que ao ler conseguiu identificar vários personagens típicos de Porto Alegre daquela época, sabe coisas assim. O Francisco Dalcol leu e me disse que os contos remetiam à Caio Fernando de Abreu, eu fico lisonjeado por estar sendo comparado a ele, mas acho que não é verdade. Eu conheci o Caio e convivi com ele, li muito o Caio também, mas não acredito que meus contos remetam aos dele. O Caio era um sujeito muito louco!Eu sou um cara mais certinho, assim como a minha escrita. Se for pra falar de referências eu vejo muito mais de Rubem Fonseca, Nelson Rodrigues e Dalton Trevisan neles (os contos), sabe eles estão muito mais presentes ali.
 
Nossa com nomes como esses devem ser contos com alguma censura!?
 Vitor: É pra mim é difícil ficar falando sobre o livro porque eu digo que se foram feitos em contos é porque eu não falaria disso de outra forma, foi o jeito que eu achei de me expressar e não de outra forma. Eu troco muita idéia com a minha mãe, ela lê e comenta muito comigo e eu resumo eles (contos) em uma frase que ela me disse que é: "Vitor esse livro eu não recomendaria pra ti como filho"! [muitos risos]Pra ti ver né!
 
 
Carolina Abelin
 
 
 
 
 
 
 
 
 


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