sábado, outubro 20, 2007

Lamúrias mercadológicas sobre as fábricas de cultura!

Lamúrias mercadológicas sobre as fábricas de cultura!

 

Música em rádio. As mais pedidas. Comunicação jovem. Eventos patrocinados. Músicas patrocinadas. Cultura patrocinada. A fórmula se repete e não se diz quase nada a respeito. Os meios de comunicação, do ponto de vista de quem os controla, são empresas, e, como qualquer fábrica de chinelos ou loja de produtos hospitalares, possui como objetivo central o lucro. Mas não estamos falando de chinelos, balanças ou qualquer coisa do gênero. Estamos falando de arte, de inspiração, de tradição, de inovação, enfim, do ser humano no exercício da sua expressão enquanto ser social. Sendo então a cultura todo o fazer humano, deve ela ser regida pelas mesmas regras que submetem a compra e venda de qualquer produto? Independentemente de qualquer questionamento o fato é que a música, inserida num contexto mais amplo de coisificação da cultura, é sim produzida e comercializada em escala industrial.

 

Segundo relatos de profissionais da comunicação e de músicos com os quais tivemos contato, as relações, digamos, mais próximas entre as gravadoras e as rádios datam de meados dos anos 60, o que se pode dizer que marca o início da homogeneização da produção e do consumo musical no Brasil. Se antes cada artesão fazia um tipo de chinelo, tornando assim os custos de matéria-prima e distribuição relativamente altos, agora a indústria produzia a partir de moldes, adaptados aos pés do consumidor médio, e distribuía esse produto por todo o país.

 

Hoje a prática de pagar para um artista ser tocado (conhecida como Jabá) é praticamente institucionalizada em muitas rádios, aliás, isso não ocorre apenas na programação musical das rádios, mas também em programas televisivos, resenhas de jornal e daí por diante. Só não dou nomes às raposas porque não tenho uma assessoria jurídica que possa me salvar de grandes conglomerados de comunicação, mas não é difícil imaginar, basta um zapping na TV nos domingos à tarde para saber do que estou falando.

Todo esse tratamento da música como produto, que transforma arte em business, restringe, por uma série de motivos, a qualidade do cenário musical mundial. Esse tipo de restrição pode ser notado em vários aspectos da música que toca nas rádios comerciais. As letras das músicas raramente podem ser chamadas de poesia, as soluções melódicas se repetem, os traços regionais são sufocados. Em um país com uma diversidade cultural muito grande como o Brasil, as rádios acabam não representando o contexto local, tocando músicas e artistas que são repetidos incessantemente em qualquer parte do território nacional. Quantas vezes você já ouviu uma banda de Santa Maria nas nossas rádios? Santa Maria é, reconhecidamente, um pólo musical importante no Estado, mas com exceção da música nativista e de uma ou duas bandas que estão inseridas na lógica das gravadoras quase nada do que é feito aqui se ouve nas FMs locais.



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1 Comments:

Blogger Willian Araújo said...

Me esqueci de assinar! Aqui vai então, Willian Araújo!

20/10/07  

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