sábado, novembro 26, 2005

Cinema (11)

Old Boy




Um filme de impacto. Essa é a mais sintética definição que consigo atribuir ao filme sul-coreano Old Boy – se é que existe a possibilidade de sintetizar algo tão bom. Por quê? Principalmente por ser diferente, original. Chega a ser até uma pretensão escrever sobre Old Boy na minha principiante experiência em discorrer sobre filmes que gostei, pois este filme não é como outro qualquer. É repleto de tensões e mistérios, explorados por elementos estéticos diferentes dos usuais. Park Chan-Wook dirigiu um filme sob a temática da vingança de uma forma ágil e esperta, que se distancia de clichês. A trama angustia o espectador, tamanha a curiosidade que provoca. Oh Dae-Su é um homem inicialmente patético e inofensivo, que aparece bêbado, detido numa delegacia. Dali não se confia muito na evolução de uma trama tão boa como mais tarde acontece. Aquele homem que, aparentemente, não tinha cometido nenhum crime cruel, surge, então, enclausurado num quarto com um conforto razoável para alguém que estivesse cumprindo uma pena. Oh Dae-Su não sabia por que estava ali, sem nenhum contato humano, conectando-se com o mundo somente através de uma televisão – e é impressionante a relação que estabelece com ela, considerando-a, inclusive, sua “amante”. É libertado depois de 15 anos, muito diferente do homem que entrou. Sai o “old boy”, paranóico disposto a tudo para se vingar do responsável pelo seu desespero.

O protagonista Choi Min-sik tem uma atuação elogiadíssima pela crítica – e com razão. O espectador consegue realmente sentir a claustrofobia que Oh Dae-Su sofre naquele quarto, a raiva que ele tem de um inimigo desconhecido, o desatino dele ao voltar para o mundo totalmente sem passado e sem rumo. Em alguns momentos, Min-sik se alterna entre uma atuação cômica, com suas caretas e expressões, e assustadora, na sua missão vingativa.

O filme é longo, às vezes cansativo – quando muitos flashbacks são inseridos para explicar a prisão do protagonista. Porém, o final chocante compensa. Old Boy não se baseia em violência. Poucas cenas de luta remetem às artes marciais do Oriente. As seqüências de ação não têm uma preocupação plástica, e chegam a ser engraçadas e toscas. Violentas – e bem feitas – são as cenas de mutilações e humilhações a que Oh Dae-Su é submetido. Ele oscila entre uma personalidade psicótica e explosiva e uma paixão por uma menina – um romance que provoca discussões morais (não vou dizer como para não entregar uma das coisas mais impressionantes do filme). As peculiaridades do filme estão também nas bizarrices, como a cena em que o personagem principal devora um polvo vivo. Romance e ação se intercalam em numa história que seria até meio boba não fosse a abordagem inusitada que depois de assistida ressurge em constantes flashbacks nos pensamentos, provavelmente, da maioria dos espectadores.



Vencedor do prêmio especial do júri em Cannes 2004, Old Boy foi elogiadíssimo pelo então presidente do júri, Quentin Tarantino. O filme é o segundo da Trilogia da Vingança, de Chan-Wook. Hollywood quer refilmá-lo e a indústria cinematográfica indiana já fez a sua versão: Zinda. O último filme da trilogia já está pronto (Sympathy for Lady Vengeance), mas sua estréia por aqui não tem previsão.

Título original Old Boy
País de origem Coréia do Sul
Duração 120 min

2003
Classificação 16 anos
Língua Koreano
Diretor Park Chan-Wook
Elenco Choi Min-sik, Yoo Ji-tae, Gang Hye-jung


-Danuza Facco Matiazzi-