Mostra Casa e Cia. encanta mesmo sob a chuva
Desde o dia 20 de setembro, a cidade de Santa Maria apresenta a 3ª Mostra Casa e Cia. Centro. A mostra é uma cópia fajuta bienal do grande evento que acontece anualmente na capital. Não é verdade. Comparar o evento regional com a mostra de Porto Alegre é um erro crucial, mas também inevitável para quem já presenciou as duas mostras e até mesmo já pensou em cursar Arquitetura.
Patrocinada por um grande veículo de Comunicação, a mostra é muito mais um catálogo de arquitetos conhecidos e uma vitrine das últimas linhas de decoração para a alta sociedade, é bem verdade. Mas nem por isso perde seu charme. A antiga casa construída em 1912 por Manuel Ribas, que pertenceu ao Dr. Verderaque e comprada mais tarde pela família Ceccim, na Rua Rio Branco, 303 abriga até 21 de outubro a Casa e Cia. Centro. De terça à domingo, das 14h às 22h é proporcionado por apenas R$6,00 (R$ 3,00 para idosos e estudantes) visitarmos a "casa dos sonhos".
Serei sincera, querido leitor: não vá a mostra se espera achar soluções arquitetônicas práticas e financeiramente acessíveis para o bolso de um cidadão brasileiro classe baixa e média. Mas àqueles apreciadores da estética e da beleza, especialmente nos menores detalhes, eu recomendo. Até para quem tem curiosidade de ver os cômodos de um casarão que exala história é uma ótima pedida. Até porque após o evento a casa será posta à venda e nessa cidade sabe Deus o que pode se tornar: um estacionamento, supermercado, etc. Pode ser uma chance única!
Não sei o que você está idealizando, mas o que eu encontrei lá foi bastante diferente do que imaginei. "Design arrojado" e "temáticas extravagantes" são palavras que julgo serem incompatíveis com "lar", e me surpreendi, pois não há nenhum ambiente tão terrivelmente fora dos padrões. Quer dizer dos meus padrões de estética, porque como ouço freqüentemente meu avô dizer: "De gustibus et coloribus non disputandum". Tradução: gosto e cor não se discutem. Algumas coisas agradaram mais e outras menos, óbvio.
Os ambientes que mais me impressionaram foram três: o "Home Office", o jardim e a sala de jantar. O primeiro especialmente por ser um pequeno cômodo aconchegante com uma estante forrada de livros, uma mesa de estudos e uma canteira espelhada. As cores, a disposição, e os próprios móveis fazem do cômodo muito agradável. E mais: são os detalhes da bolsa, dos sapatos jogados no chão, do batom, do celular e do note book aberto em cima da mesa que remetem ao lar. A sala de jantar é mais interessante pelos detalhes arquitetônicos originais da própria casa do que pela decoração propriamente dita. A lareira e as molduras de gesso chamam mais a atenção do que o belo mobiliário. E por último, o jardim é de arrancar suspiros. Um jardim enorme, gigantesco, dividido em várias áreas: "Jardim do Pergolado", "Jardim da Churrasqueira", "Jardim de Eventos" e "Jardim Primavera". Primeiro passa-se por um ofurô, depois vai seguindo até a churrasqueira, aí faz a volta em cima de uma pequena ponte japonesa sobre um laguinho algo bem "Monetnesco"! Aí então se chega ao centro do jardim com um pequeno palco e várias mesas redondas e por fim uma estradinha com vários bancos que levam até o fim do passeio.
Talvez tenha sido um passageiro bom humor. Talvez tenha sido a garoa fina e incessante que teria estragado a melhor parte da mostra não fossem os elegantes guarda-chuvas pretos disponíveis aos visitantes, que fez com que eu andasse achando estar em uma cena de filme italiano, garbosa debaixo do guarda-chuva entre as palmeiras, e outras árvores, as heras e as camélias. E ouvindo o canto de pássaros no meio da cidade. E imaginado quantos casamentos e outras festas foram feitos naquele jardim. Quantas pessoas dançaram sobre a grama debaixo das estrelas nessa casa quase centenária. Entretanto só sei que fiquei com uma boa sensação. Para quem quiser sabê-la ainda há tempo: até 21 de outubro na Rua Rio Branco, 303.
PS: a casa perteceu também ao médico pediatra e professor da UFSM, Thomaz Londero (já falecido), onde residia e tinha seu consultório.
Carolina Abelin Willeker
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2 Comments:
Carol, parabéns pelo teu texto.
Algo nada fácil sair do lugar-comum que, ao descrever uma Mostra, a exalta ou a destrói.
Penso que tu encontraste um equilíbrio interessante entre estes dois pólos, aproveitando para fazer um gancho com o ocaso a que é relegado o destino de grande parte do patrimônio que identifica a cidade de Santa Maria.
Deus abençoe!
Caríssima Carol!
Parabéns pelo trabalho.
Vou até lá, não por causa da exposição, mas para conferir se a casa que sedia o envento foi a do meu pediatra: Thomas Londero (já falecido).
Tenho a impressão que ali foi sua residência e consultório, nos anos 50, quiças 40.
Se eu estiver certo, por favor, terás que complementar a matéria.
Abraço grande
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