segunda-feira, outubro 29, 2007

 
 
 
Criatividade nas "peças-ovos" disponibilizadas aos internautas
 

Durante os meses de julho e agosto do ano passado, assim que foi inaugurada, a sede da Associação dos professores universitários de Santa Maria (Apusm) recebeu a exposição "Eu te olho & Tu me olhas", de Edemur Casanova. Antes disso (e até hoje), as "peças-ovos" de Casanova já estavam expostas na internet, como forma de criticar a falta de espaços adequados para recebê-las na cidade.
 
A exposição é formada por ovos de cerâmica pintados - a maioria
multicoloridos - apoiados em suportes de madeira e de metal, de maneira que visões diferenciadas da obra são proprocionadas a cada ângulo em que ela é vista. Os desenhos e as cores nos ovos por si só dão "prazer estético" para os olhos dos especatadores. A estrutura metélica, no entanto, refletindo não só a própria obra, como também o ambiente, provoca uma concepção ainda mais interessante das peças.
 
Mais de um ano depois do fim da exposição, a falta de locais para exposições artísticas em Santa Maria continua sendo uma realidade. Existem iniciativas interessantes como espaços culturais na sede da Cooperativa dos Estudantes e no bar Macondo, além de locais "já tradicionais", no caso dos espaços em shoppings, galerias comerciais, Câmara de Vereadores e Casa de Cultura. Mas todas essas estruturas são pequenas e não comportariam, por exemplo, a exposição de Casanova, composta por mais de 45 peças.
 
Por isso um "ambiente virtual" torna-se alternativa. Além de ter espaço ilimitado, a internet faz com que as obras (e também os artistas) fiquem acessíveis a um número muito maior de pessoas. A desvantagem é que uma apreciação não substitui a outra: o que se vê, o que se percebe e o que se sente ao "presenciar uma obra de arte" é diferente do que se pode alcançar através da tela do computador.
 
De qualquer forma, a surpreendente criatividade de Casanova continua em exposição no site www.orium.com.br/casanova. E vale a pena conferir.
 
 
Bruna Porto
 
 
 
 
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domingo, outubro 28, 2007

A conquista do erro

Brevíssimo tratado acerca de todas as coisas que não são belas, ou perfeitas, ou 'politicamente corretas'
 
1.Salve o imperfeito, a feiúra, e as falhas. A perfeição cansa. A beleza é relativa. E o erro definitivamente nos torna mais humanos.
 
2."Agora me diga você, que vive contraído por causa das pressões sociais, das expectativas alheias, das idéias absurdas de perfeições que foram colocadas na sua cabeça, como é que ainda não se permitiu a conquista do erro?" dizia Martha Medeiros em sua coluna no jornal Zero Hora em 16 de setembro de 2007. Sim, a conquista do erro. Quebrar a acara, fazer merda, pagar para ver, jogar tudo para o alto e arriscar. Pois às vezes é preciso arriscar tudo na vida por um sonho.
 
3.O sonho. Quem não sabe o que é isso não é humano. Podemos não ser nada, nem querer ser coisa alguma, mas temos os maiores sonhos do mundo, cantou o poeta da alma humana, Fernando Pessoa. Essa palavrinha pequena de significado tão grande, que povoa nossos desejos mais simplórios e os mais absurdos também. O sonhador não tem que acordar não, Tom Jobim. Talvez jamais vai ser ou dar, mas são eles e por eles que muitas vezes vivemos.
 
4.Alguém disse – e eu não sei quem – mas "haja ou não haja frutos é pelo sonho que vamos". Pouco importa se vai ao encontro das expectativas que as pessoas criam sobre nós, se vai dar certo e ou proporcionar uma vida burguesa acomodada, patética.
 
5.E não só o sonho, mas não ter medo de errar significa não ter medo de fazer feio, de sair do compasso, de desafinar... A cultura atual nos impõe que sejamos sempre felizes, sempre magros, sempre belos, sempre corretos, sempre respeitosos, sempre previsíveis. Abaixo todas essas coisas! Sejamos tristes, porque é preciso chorar assim como é preciso rir. Sejamos gordos, porque é prazeroso comer. Sejamos feios, porque a feiúra é mais interessante que a beleza disse Umberto Eco no lançamento de seu mais novo livro "A história da Feiúra". Sejamos incorretos e desrespeitosos porque se não o fizermos não vamos conhecer o perdão, nem o valor do acerto. Sejamos imprevisíveis porque o tempo hoje voa então "vamos nos permitir".
 
6.Acima de tudo sejamos mais críticos e inteligentes. Padrões, cânones e modelos são apenas o que são: padrões, cânones e modelos. Vida nenhuma deve ser medida por eles. Você não está no Éden ou Érebo. Aqui tudo é possível. Somos feito de matéria falha e fugaz, somos feitos para cometermos erros, esse é o momento e não haverá nenhum outro. E é tão mais divertido! Por isso os gregos, tinham seus deuses como quase humanos. Embora imortais padeciam de todos os males mais mortais possíveis: inveja, desejo, paixão, bondade, curiosidade, dúvida, coragem, covardia, loucura...
 
Carolina Abelin Willeker

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sábado, outubro 20, 2007

Estereótipo

 
 
 
 
 
 
 
 
 

Meu Brasil, brasileiro

 
De acordo com o sistema nervoso central da era da informação, o Google, estereótipo é a imagem preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação.
 
Há alguns anos um episódio do seriado Os Simpsons teve a felicidade de deixar alguns cidadãos cariocas, a Riotur e ainda de quebra o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, bastante irritados. O episódio "Blame it on Lisa" mostra a família Simpson detonando (o) no Brasil. Entre as imagens que incomodaram as autoridades estão: Bart tentando aprender espanhol para se entender com os brasileiros; um  ajudante de hotel fazendo embaixadinhas com as malas; uma apresentadora de um programa de TV infantil se exibindo para "maiores de 18"; uma incursão de Homer por uma favela carioca infestada por ratos e por "trombadinhas"; Homer sofrendo um seqüestro relâmpago; Bart sambando dentro de uma sucuri amazônica  em pleno carnaval carioca, pois afinal, no Brasil, tudo termina em samba.
 
É compreensível que o nosso estimado presidente Fernando Henrique Cardoso tenha exigido do canal Fox desculpas pelas "barbaridades" que a família amarela fez ao nosso tão amado país. Afinal, nenhum americano pensa que a capital do Brasil é Buenos Aires e que aqui se fala espanhol; assim como é um absurdo dizer que o brasileiro é apaixonado por futebol, sendo que adotamos a peteca como esporte nacional; grave mesmo é mostrar nossas favelas repletas de sujeira e de criminosos, quando todos os dias a nossa TV mostra que a realidade é outra: as crianças não passam fome e não se ouve um tiro no morro da Rocinha; assalto e seqüestro são outra coisa que está muito distante da realidade de um país de primeiro-mundo como o Brasil, se os americanos ainda não sabem, aí vai uma informação: de acordo com o mais recente relatório dos relatórios da ONU, os índices de assassinato do brasileiro estão se tornando suíços; é o paraíso abaixo da linha do Equador. Tentar denegrir a imagem das nossas apresentadoras infantil é um sacrilégio, afinal as crianças nunca viram a pinta da Angélica e nem o rebolado da Rainha dos baixinhos. O pior de tudo eles deixaram para o final: onde já se viu dizer que sucuri come gente. Não há caso registrado de uma bizarrice dessas no Brasil, não há nem mesmo caso de sucuri no Brasil. E dizer que tudo termina em samba, em pleno carnaval, é o insulto final ao país do tango.
 
As autoridades brasileiras que criticaram a postura do episódio de Os Simpsons no Brasil alegaram que o desenho disseminava "inverdades" e "estereótipos" sobre o país. Se este foi o caso, a Riotur deveria transferir grande parte da sua verba de propaganda para os cofres da Fox, uma vez que a Riotur não faz outra coisa a não ser vender "inverdades" e "estereótipos" para turistas estrangeiros. O que se viu em Os Simpsons é apenas uma construção bem mais inteligente do mesmo material que vemos na TV e nos anúncios das companhias de turismo: praia, sol, mulheres seminuas, Amazônia, onça, mulheres seminuas na praia, onça, Amazônia, mulheres seminuas no sambódromo rebolando ao som da bateria da Mangueira. Não sei como o presidente Fernando Henrique Cardoso não exigiu desculpas por parte da Embratur e da Riotur por exportar tantas "inverdades" e "estereótipos" do Brasil para o mundo. Vai ver porque ele sabe o quanto uma imagem preconcebida de uma pessoa, coisa ou situação rende aos cofres de um país. Ou talvez ele não saiba, pois se não teria contratado Matt Groening (criador de Os Simpsons) para ser diretor da Embratur.
Na última Copa do Mundo a Rede Globo levou, além dos milhares de equipamentos, uma escola de samba para a Alemanha. Quando as câmeras da Globo focavam a torcida brasileira buscavam logo a imagem de morenas com roupas carnavalescas e loiras vestidas de índio (que provavelmente conheciam a cultura indígena tanto quanto as alemãs).
 
A ironia é que qualquer brasileiro pode mostrar a bunda ou dizer em português e com imagens made in Brazil  que as brasileiras mostram a bunda. Agora se isto é dito por um estrangeiro é entendido como uma "ofensa". Neste sentido, algum deputado deveria propor uma lei de que só o brasileiro tem direito a "ofender" a nação.
 
Reclamar de um desenho animado que tem como própósito debochar de tudo e de todos (principalmente dos norte-americanos) é no mínimo uma ignorância e no máximo uma hipocrisia, sendo que a maioria dos brasileiros não conhecem nada além de um estereótipo de si mesmos e do Brasil. 
 
Maicon Antonio Paim
 
 
 
 

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Lamúrias mercadológicas sobre as fábricas de cultura!

Lamúrias mercadológicas sobre as fábricas de cultura!

 

Música em rádio. As mais pedidas. Comunicação jovem. Eventos patrocinados. Músicas patrocinadas. Cultura patrocinada. A fórmula se repete e não se diz quase nada a respeito. Os meios de comunicação, do ponto de vista de quem os controla, são empresas, e, como qualquer fábrica de chinelos ou loja de produtos hospitalares, possui como objetivo central o lucro. Mas não estamos falando de chinelos, balanças ou qualquer coisa do gênero. Estamos falando de arte, de inspiração, de tradição, de inovação, enfim, do ser humano no exercício da sua expressão enquanto ser social. Sendo então a cultura todo o fazer humano, deve ela ser regida pelas mesmas regras que submetem a compra e venda de qualquer produto? Independentemente de qualquer questionamento o fato é que a música, inserida num contexto mais amplo de coisificação da cultura, é sim produzida e comercializada em escala industrial.

 

Segundo relatos de profissionais da comunicação e de músicos com os quais tivemos contato, as relações, digamos, mais próximas entre as gravadoras e as rádios datam de meados dos anos 60, o que se pode dizer que marca o início da homogeneização da produção e do consumo musical no Brasil. Se antes cada artesão fazia um tipo de chinelo, tornando assim os custos de matéria-prima e distribuição relativamente altos, agora a indústria produzia a partir de moldes, adaptados aos pés do consumidor médio, e distribuía esse produto por todo o país.

 

Hoje a prática de pagar para um artista ser tocado (conhecida como Jabá) é praticamente institucionalizada em muitas rádios, aliás, isso não ocorre apenas na programação musical das rádios, mas também em programas televisivos, resenhas de jornal e daí por diante. Só não dou nomes às raposas porque não tenho uma assessoria jurídica que possa me salvar de grandes conglomerados de comunicação, mas não é difícil imaginar, basta um zapping na TV nos domingos à tarde para saber do que estou falando.

Todo esse tratamento da música como produto, que transforma arte em business, restringe, por uma série de motivos, a qualidade do cenário musical mundial. Esse tipo de restrição pode ser notado em vários aspectos da música que toca nas rádios comerciais. As letras das músicas raramente podem ser chamadas de poesia, as soluções melódicas se repetem, os traços regionais são sufocados. Em um país com uma diversidade cultural muito grande como o Brasil, as rádios acabam não representando o contexto local, tocando músicas e artistas que são repetidos incessantemente em qualquer parte do território nacional. Quantas vezes você já ouviu uma banda de Santa Maria nas nossas rádios? Santa Maria é, reconhecidamente, um pólo musical importante no Estado, mas com exceção da música nativista e de uma ou duas bandas que estão inseridas na lógica das gravadoras quase nada do que é feito aqui se ouve nas FMs locais.



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sábado, outubro 13, 2007


NOBEL MERECIDO


Por que será que as informações jornalísticas sobre o prêmio Nobel de Literatura 2007 à escritora inglesa Doris Lessing, informam como seu livro mais destacado Caderno Dourado, que teria também o nome de Caderneta Dourada? Conheço-o por O Carnê Dourado. Será que foi editado no Brasil com três títulos diferentes? Se assim foi, aconteceu em épocas diferentes.Também ouvi e vi dizerem que ela foi a 9ª mulher a ganhar o prêmio, quando foi a 11ª.Me parece desinformação sobre a autora dos também Roteiro Para Um Passeio ao Inferno, Memórias de Um Sobrevivente(traduzido por Clarice Lispector), e de uma belíssima autobiografia, entre outros.Críticos, de prestígio internacional, teriam sido entrevistados e um dissera que ela é uma boa pessoa, merecia o prêmio. Outro que somente a sua obra inicial tem valor, o resto seria um “tijolo”.Palavras que o vento faz se perderem, diante de uma obra densa tratando do racismo, do feminismo, do meio ambiente.O Nobel de Literatura à Lessing foi um dos mais merecidos, senão o mais merecido nos útlimos anos.Que a premiação traga de volta a sua obra às livrarias. Mas, é fácil encontrar seus livros nos sebos. A maioria com capas de mau gosto, mas mantendo o seu conteúdo e forma fortes e belos.Tão pouco festejado o Nobel de Literatura deste ano, tem nessa inglesa (nascida na antiga Pérsia, hoje Irã e criada na África do Sul (onde está impedida de entrar), de quase 88 anos, a autora de importantes e belos livros.(Paulo Roberto)

sexta-feira, outubro 12, 2007



O novo n(d)o velho



Adoleta, passa anel, bambolê, queimada, pique -esconde, caçador, amarelinha, também conhecida como 'passata'. É, bons tempos aqueles... Mas, que tom de saudosismo é esse que parece querer se abeirar do blog? Quem somos nós para mandar a sete palmos abaixo da terra brincadeiras que são fundamentos de experiências inesquecíveis para todos nós?! Ao mesmo tempo em que reconhecemos não ter esse direito, sabemos que é gritante a necessidade de se colocar um assunto na pauta de nossas conversas : as brincadeiras da infância, fase que continua a existir ainda hoje, diga -se de passagem.


E de onde vem a importância de se falar sobre isso? Já recuperados do pequeno susto de percebermos coisas muito 'nossas' serem relegadas ao gueto do antigamente, somos interpelados a adentrar numa outra área que causa profundo temor: liquefazer os nossos conceitos sobre a infância e, também, o que diz respeito às brincadeiras de criança. Sim, é hora de dar um basta no pensamento de que nossas crianças não o são mais porque gostam de usar o computador e teclar com os amigos pela Internet. Não, chega! Tenhamos a ousadia de perceber o pulso do tempo, que chega com suas novidades e novas formas de sociabilidade.



Mas, espere um pouco, não vá tão longe! Calma! Não se liquefaça por completo! O que fazemos aqui não é um apelo à diluição ou à perda de referências - muito pelo contrário, é um chamamento a perceber que o velho e o novo não tecem entre si relações de caráter puramente maquiavélico. Por que temos de teimar em pensar assim?



Agora percebo uma coisa bastante curiosa: ainda bem que os sinais de trânsito não valem para a calçada! Sim, viva a liberdade da calçada! Viva a estripulia que ela acolhe com receptividade, mesmo que se corra o risco de se encanzinar um pouco a vida dos vizinhos... Claro, caso contrário, como é que poderia ainda se ver crianças 'estacionadas' com suas pedrinhas laranjas em punho para marcar ali, naquele solo, os quadrados numerados que levam do inferno ao céu. Ou, também, para fazer corridas e brincar com o bambolê?



Ei, mas elas 'ressuscitaram'? Elas já não são mais defuntas? Não! Nem as brincadeiras, nem nossas crianças. Sim, porque nossas crianças o são verdadeiramente. Tiremos elas da morte em que as introduzimos: percebamos a vivacidade de sua busca pelo novo, pelo diferente, pelo moderno, pelo que vibra, pelo que gira, pelo que pula e pelo que brilha. Mas, também percebamos suas necessidades do que é velho, do que é o mesmo, do que é antigo, do que é calmo, do que é parado, do que fica sentado e do que é fosco.



Claro, aí está: nossos medos podem vir por água abaixo! Percebamos que nós também precisamos de algo muito concreto – ver que entre o velho e o novo nós viemos a ser como que pontes, apontando para os pequenos que os gigabytes e placas GeForce a mais não assim tão importantes. Mas, façamos isso não no ímpeto de colocar como único enlevo digno de ser buscado o que era dos anos mil novecentos e guaraná com rolha... Não! Nossas crianças não vão ser mais crianças sendo as que nós fomos um dia. Nossas crianças serão mais crianças sendo elas mesmas. E isso só acontecerá quando elas se perceberem plenamente livres para viver o que são – mas sempre com um alguém as lembrando de que é necessário se ter coisas a que se enganchar e referenciar.



Então, bem, então aquela lista do início do texto deixa de ser algo que não diz nada, algo que é totalmente alheio à realidade concreta de hoje e passa a ser o que realmente é. Mais do que uma lista para galerias de 'coisas da vovó', tradições e manifestações culturais que permanecem plenamente vivas ainda hoje, chamando as crianças a também terem horas entre si 'ao vivo'. Horas que elas começam a buscar por si mesmas, pois respeitadas na infância a que se filiam, também compreendem que o 'velho' diz algo a elas. Que o 'velho' é importante para que se compreendam a si mesmas. Que o 'velho' não concorre com o novo.



Apenas o ilumina.



Leonardo Meira


Mostra Casa e Cia. encanta mesmo sob a chuva


Desde o dia 20 de setembro, a cidade de Santa Maria apresenta a 3ª Mostra Casa e Cia. Centro. A mostra é uma cópia fajuta bienal do grande evento que acontece anualmente na capital. Não é verdade. Comparar o evento regional com a mostra de Porto Alegre é um erro crucial, mas também inevitável para quem já presenciou as duas mostras e até mesmo já pensou em cursar Arquitetura.

Patrocinada por um grande veículo de Comunicação, a mostra é muito mais um catálogo de arquitetos conhecidos e uma vitrine das últimas linhas de decoração para a alta sociedade, é bem verdade. Mas nem por isso perde seu charme. A antiga casa construída em 1912 por Manuel Ribas, que pertenceu ao Dr. Verderaque e comprada mais tarde pela família Ceccim, na Rua Rio Branco, 303 abriga até 21 de outubro a Casa e Cia. Centro. De terça à domingo, das 14h às 22h é proporcionado por apenas R$6,00 (R$ 3,00 para idosos e estudantes) visitarmos a "casa dos sonhos".

Serei sincera, querido leitor: não vá a mostra se espera achar soluções arquitetônicas práticas e financeiramente acessíveis para o bolso de um cidadão brasileiro classe baixa e média. Mas àqueles apreciadores da estética e da beleza, especialmente nos menores detalhes, eu recomendo. Até para quem tem curiosidade de ver os cômodos de um casarão que exala história é uma ótima pedida. Até porque após o evento a casa será posta à venda e nessa cidade sabe Deus o que pode se tornar: um estacionamento, supermercado, etc. Pode ser uma chance única!

Não sei o que você está idealizando, mas o que eu encontrei lá foi bastante diferente do que imaginei. "Design arrojado" e "temáticas extravagantes" são palavras que julgo serem incompatíveis com "lar", e me surpreendi, pois não há nenhum ambiente tão terrivelmente fora dos padrões. Quer dizer dos meus padrões de estética, porque como ouço freqüentemente meu avô dizer: "De gustibus et coloribus non disputandum". Tradução: gosto e cor não se discutem. Algumas coisas agradaram mais e outras menos, óbvio.

Os ambientes que mais me impressionaram foram três: o "Home Office", o jardim e a sala de jantar. O primeiro especialmente por ser um pequeno cômodo aconchegante com uma estante forrada de livros, uma mesa de estudos e uma canteira espelhada. As cores, a disposição, e os próprios móveis fazem do cômodo muito agradável. E mais: são os detalhes da bolsa, dos sapatos jogados no chão, do batom, do celular e do note book aberto em cima da mesa que remetem ao lar. A sala de jantar é mais interessante pelos detalhes arquitetônicos originais da própria casa do que pela decoração propriamente dita. A lareira e as molduras de gesso chamam mais a atenção do que o belo mobiliário. E por último, o jardim é de arrancar suspiros. Um jardim enorme, gigantesco, dividido em várias áreas: "Jardim do Pergolado", "Jardim da Churrasqueira", "Jardim de Eventos" e "Jardim Primavera". Primeiro passa-se por um ofurô, depois vai seguindo até a churrasqueira, aí faz a volta em cima de uma pequena ponte japonesa sobre um laguinho – algo bem "Monetnesco"! Aí então se chega ao centro do jardim com um pequeno palco e várias mesas redondas e por fim uma estradinha com vários bancos que levam até o fim do passeio.

Talvez tenha sido um passageiro bom humor. Talvez tenha sido a garoa fina e incessante que teria estragado a melhor parte da mostra não fossem os elegantes guarda-chuvas pretos disponíveis aos visitantes, que fez com que eu andasse achando estar em uma cena de filme italiano, garbosa debaixo do guarda-chuva entre as palmeiras, e outras árvores, as heras e as camélias. E ouvindo o canto de pássaros no meio da cidade. E imaginado quantos casamentos e outras festas foram feitos naquele jardim. Quantas pessoas dançaram sobre a grama debaixo das estrelas nessa casa quase centenária. Entretanto só sei que fiquei com uma boa sensação. Para quem quiser sabê-la ainda há tempo: até 21 de outubro na Rua Rio Branco, 303.
PS: a casa perteceu também ao médico pediatra e professor da UFSM, Thomaz Londero (já falecido), onde residia e tinha seu consultório.



Carolina Abelin Willeker

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terça-feira, outubro 09, 2007




A partir do próximo dia 12 de outubro, os estudantes que participam da disciplina de Jornalismo Cultural, do Curso de Comunicação Social, da UFSM, RS, publicarão aqui suas matérias pautadas em temáticas culturais.Principalmente desenvolvidas em Santa Maria e região. Esta será a segunda edição do Culturalhia.

Um dos objetivos é divulgar histórias e personagens que não são apresentados pelos veículos convencionais de comunicação, através de textos com características do estilo Jornalismo Literário (Narrativo).

Além do Culturalhia, haverá a produção e apresentação do programa Palavra Falada (comentário de livros), na rádio Universidade 800Am e pela internet, semanalmente.

Os comentários serão bem-vindos, até porque a dinâmica da disciplina se configura um grupo de estudos.