Por uma pequena falha de comunicação, acabei não colocando no ar o post do Carlos. Aí vai ele.
Literatura (3).
O trecho do melhor conto desta escritora que poucos conhecem. Katherine Mansfield é a senhora absoluta da introspecção feminina, pois saibam ela é a única escritora que a própria Clarice Lispector disse sofreu influência. E a Virginia Woolf sentia inveja dessa neozelandesa fabulosa.
a autora
Felicidade
(Bliss)¹
Katherine Mansfield
Embora Bertha Young já tivesse trinta anos, ainda havia momentos como aquele em que ela queria correr, ao invés de caminhar, executar passos de dança subindo e descendo da calçada, rolar um aro, atirar alguma coisa para cima e apanhá-la novamente, ou ficar quieta e rir de nada: rir, simplesmente.
O que pode alguém fazer quando tem trinta anos e, virando a esquina de repente, é tomado por um sentimento de absoluta felicidade — felicidade absoluta! — como se tivesse engolido um brilhante pedaço daquele sol da tardinha e ele estivesse queimando o peito, irradiando um pequeno chuveiro de chispas para dentro de cada partícula do corpo, para cada ponta de dedo?
Não há meio de expressar isso sem parecer "bêbado e desvairado?" Ah! como a civilização é idiota! Para que termos um corpo, se somos obrigados a mantê-lo encerrado em uma caixa, como se fosse um violino raro, muito raro?
- Carlos Orellana -
Literatura (3).
O trecho do melhor conto desta escritora que poucos conhecem. Katherine Mansfield é a senhora absoluta da introspecção feminina, pois saibam ela é a única escritora que a própria Clarice Lispector disse sofreu influência. E a Virginia Woolf sentia inveja dessa neozelandesa fabulosa.
a autora
Felicidade
(Bliss)¹
Katherine Mansfield
Embora Bertha Young já tivesse trinta anos, ainda havia momentos como aquele em que ela queria correr, ao invés de caminhar, executar passos de dança subindo e descendo da calçada, rolar um aro, atirar alguma coisa para cima e apanhá-la novamente, ou ficar quieta e rir de nada: rir, simplesmente.
O que pode alguém fazer quando tem trinta anos e, virando a esquina de repente, é tomado por um sentimento de absoluta felicidade — felicidade absoluta! — como se tivesse engolido um brilhante pedaço daquele sol da tardinha e ele estivesse queimando o peito, irradiando um pequeno chuveiro de chispas para dentro de cada partícula do corpo, para cada ponta de dedo?
Não há meio de expressar isso sem parecer "bêbado e desvairado?" Ah! como a civilização é idiota! Para que termos um corpo, se somos obrigados a mantê-lo encerrado em uma caixa, como se fosse um violino raro, muito raro?
- Carlos Orellana -
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