sexta-feira, outubro 14, 2005

Literatura (13)

Campo da Esperança
"Baseado na vida do padre Jan Wisniewsky, prisioneiro do campo de concentração de Dachau, Alemanha, de 1941 a 1945. Residiu em Natal, na Casa dos Padres da Congregação da Sagrada Família, onde faleceu em 1988."

Obra de Cláudio Galvão, Bacharel em História, de 1999, pela Editora da Universidade do Sagrado Coração- EDUSC, o livro começa num relato do padre, depois de muitos anos já terminada a segunda guerra e de este já estar morando há anos no Brasil.
Na cidade natal na Polônia, onde está visitando a família que não via há mais ou menos 20 anos, encontra um cartaz publicitário de um concerto de órgão de um amigo que também fora preso pelos nazistas. Ele e o irmão vão ao concerto no dia seguinte. Na casa do amigo músico, o padre relata o que vivenciou no campo de concentração, desde o momento em que foi preso. E o livro se desenrola neste relato minucioso da rotina diária de um campo de concentração nazista.

São descritos desde a forma como eram os alojamentos, a comida e os uniformes, até a prática da recolhida dos corpos dos falecidos e de como eram despidos e levados aos fornos crematórios.

Na abertura do livro, fotos do campo e do prédio que serviria como mais um forno crematório, o qual o padre Jan ajudou a construir (este foi um dos trabalhos executados). A foto de capa mostra os prisioneiros no dia da libertação em Dachau.



Galvão não é preciso quanto à marcação do tempo. Quando já deveria ser o segundo ano do padre no campo de acordo com os relatos de sucessão das estações, o autor narra a surpresa do prisioneiro por estar completando um ano de confinamento.
Narrado em primeira pessoa, o livro permite que entremos em contato com fatos históricos, como o incêndio do prédio do parlamento em Berlim no ano de 1933 e a ascensão de Hitler desde que foi nomeado chefe de um gabinete do governo do presidente Hindenburg. Mas também plantou algumas dúvidas (pelo menos em mim): Quanto a guerra se prolongou depois da invasão japonesa à base americana de Pear Harbour? De acordo com o livro foram anos. A Igreja Católica não estava calada diante do nazismo, numa atitude que se pode pensar até de consentimento? Então, como padres católicos eram presos?

- Sabrina Siqueira-