Observações (2)
Um circo.
Um grande espetáculo.
Alguém disse que era o lugar onde escritor virava pop star.
Correto.
São sete e meia, vai começar o espetáculo.
As mulheres já estão aglomeradas em frente aos computadores pra passar os seus crachás (é...lá a coisa é chique. Fica tudo registrado, se você viu a palestra, horário de entrada e saída). Algumas já estão na fila desde as seis e pouco. Estudantes de jornalismo estreando um crachá de imprensa, passam pelo lado da fila e imediatamente são vaiados pela multidão feminina. De repente, o tio dá o sinal da largada: as mulheres enlouquecidas saem em disparada rumo à lona, atropelando umas as outras. Tudo para conseguir o melhor lugar. Sobe Loyola ao palco. Inicia o “show”. A platéia vai a loucura e em coro grita: LINDO!LINDO!
Assim, depois do palco completo, começa o debate. A cada palavra, riso, ou suspiro dos escritores, a platéia bate palma, ri, grita...praticamente surta.
Mas ”surtada” estava ficando eu, com aquela algazarra.
A jornada de literatura de Passo Fundo é território das professoras de literatura. Em maior número talvez as crianças, mas com certeza não com maior entusiasmo.
À primeira vista, a euforia das “profe” até é engraçada, no entanto, quando nenhum escritor consegue concluir uma idéia sem ser interrompido por um grito, isso irrita. E novamente você se sente num circo. Nas quase duas horas em que Ariano Suassuna falou, a cada dois minutos, palmas e mais palmas para ele. Insuportável.
E as discussões diversas vezes perdem o rumo. Quando Lobão instiga a platéia e Frei Betto explica sua visão sobre a crise que o PT enfrenta, a jornada quase se torna um Fórum Social de Passo Fundo.
Sobre o seminário de jornalismo cultural não há muito o que se dizer. Só concluí que o Daniel Piza realmente é o “cara“ do jornalismo cultural e que todos os questionamentos levantados por nós em aula são “calos” na vida desses jornalistas.
É claro, que a jornada tem um papel importante. É um incentivo à leitura, principalmente para as crianças. Abre espaço para discutir o escrever. Além disso, qual o evento que traz um pianista para tocar ao ar livre com o pôr do sol de fundo? Um momento embriagante. Sem comentar o show de encerramento com percussionistas nordestinos.
Porém, não posso deixar de registrar certa decepção que tive com o espetáculo que se fez aos meus olhos. A discussão, a troca de idéias e o conteúdo estavam em baixa. Só mesmo a “carinha” do meigo Veríssimo para encerrar o espetáculo com chave-de-ouro e me deixar com vontade de mais
- Danusa Ciochetta-
Um circo.
Um grande espetáculo.
Alguém disse que era o lugar onde escritor virava pop star.
Correto.
São sete e meia, vai começar o espetáculo.
As mulheres já estão aglomeradas em frente aos computadores pra passar os seus crachás (é...lá a coisa é chique. Fica tudo registrado, se você viu a palestra, horário de entrada e saída). Algumas já estão na fila desde as seis e pouco. Estudantes de jornalismo estreando um crachá de imprensa, passam pelo lado da fila e imediatamente são vaiados pela multidão feminina. De repente, o tio dá o sinal da largada: as mulheres enlouquecidas saem em disparada rumo à lona, atropelando umas as outras. Tudo para conseguir o melhor lugar. Sobe Loyola ao palco. Inicia o “show”. A platéia vai a loucura e em coro grita: LINDO!LINDO!
Assim, depois do palco completo, começa o debate. A cada palavra, riso, ou suspiro dos escritores, a platéia bate palma, ri, grita...praticamente surta.
Mas ”surtada” estava ficando eu, com aquela algazarra.
A jornada de literatura de Passo Fundo é território das professoras de literatura. Em maior número talvez as crianças, mas com certeza não com maior entusiasmo.
À primeira vista, a euforia das “profe” até é engraçada, no entanto, quando nenhum escritor consegue concluir uma idéia sem ser interrompido por um grito, isso irrita. E novamente você se sente num circo. Nas quase duas horas em que Ariano Suassuna falou, a cada dois minutos, palmas e mais palmas para ele. Insuportável.
E as discussões diversas vezes perdem o rumo. Quando Lobão instiga a platéia e Frei Betto explica sua visão sobre a crise que o PT enfrenta, a jornada quase se torna um Fórum Social de Passo Fundo.
Sobre o seminário de jornalismo cultural não há muito o que se dizer. Só concluí que o Daniel Piza realmente é o “cara“ do jornalismo cultural e que todos os questionamentos levantados por nós em aula são “calos” na vida desses jornalistas.
É claro, que a jornada tem um papel importante. É um incentivo à leitura, principalmente para as crianças. Abre espaço para discutir o escrever. Além disso, qual o evento que traz um pianista para tocar ao ar livre com o pôr do sol de fundo? Um momento embriagante. Sem comentar o show de encerramento com percussionistas nordestinos.
Porém, não posso deixar de registrar certa decepção que tive com o espetáculo que se fez aos meus olhos. A discussão, a troca de idéias e o conteúdo estavam em baixa. Só mesmo a “carinha” do meigo Veríssimo para encerrar o espetáculo com chave-de-ouro e me deixar com vontade de mais
- Danusa Ciochetta-
5 Comments:
Realmente, a Jornada de Passo Fundo lembra as aulas de história antiga: é pão e circo. Talvez mais circo do que pão .Infelizmente os grandes "eventos culturais" que nos rodeiam são eventos midiatizados. Festival de Gramado, Feira do Livro de Porto Alegre, Bienal do Mercosul. Isso não quer dizer que não tenham seus méritos. Se uma pessoa sair de um evento assim gostando um pouco mais de cultura já valeu a pena. Mas um pouco mais de discrição e conteúdo nunca é demais.
Édina Girardi
Muito Bacana!!!! Parabéns Augusto e a todos organizadores pelo blog. Show de bola!!!!!
Nós do Laboratório Rumos - Itaú Cultural - estamos muito felizes.
Bah, mto divertido!Só não tenho saudade do frio.
Ah, quem disse que o escritor virava popstar foi o Luis Fernando Verissimo naquela coletiva.
Thaís
Danusa, há que se tomar cuidado com o que se afirma. Primeiro, porque os leitores de outras regiões, que não te conhecem, não vão entender metade das brincadeiras que tu fez no texto. O "profe" só tem sentido pra mim, que te conheço e te escuto falando assim. Mas e os outros?
Segundo: há idéias que não podem ser comprovadas empiricamente. Tipo, o público infantil ter menos entusiasmo. Ou mulheres enlouquecidas.
Tu escreveu um texto que ficou com ares de diário. Afinal, são impressões bem pessoais e uma linguagem bem pessoal também ("Mas ”surtada” estava ficando eu, com aquela algazarra").
Ao leitor também não interessa tu ter achado insuportável as palmas pro Suassuna. Dizer isso é mais pão e circo que qualquer crítica que possa ser feita à jornada.
A propósito, eu mandei um texto da Tânia Rösing para o e-mail do grupo em função disso: é bom entender como funciona e qual é a intenção do evento antes de dizer "Porém, não posso deixar de registrar certa decepção que tive com o espetáculo que se fez aos meus olhos". Afinal, com o poder de fala (e, com isso, influência) que o jornalista adquire, dois anos de trabalho ininterruptos em projetos de incentivo à leitura podem ser jogados fora. A crítica pode ser feita sim, mas com responsabilidade e bom senso. Para isso, tu deve pesquisar sobre a história da Jornada e seus propósitos. Senão se torna uma crítica fácil e, por isso mesmo, irresponsável!
Mas, Danusa, minha crítica não é conclusiva. Só quero chamar atenção para aspectos que acho importante, no meu modo de enxergar as coisas. No fim teu texto é bem fluente, agradável de ler. Só que o que foi feito não é jornalismo.
Bjs. Espero ter ajudado!!!
Só um comentáriozinho.
Augusto, "comprovado empiricamente". Nem tudo na vida precisa disso, nem tudo é ciência, e a ciência tem tantos erros também que até o "empiricamente" não é (muito) confiável. Desprezar o que não pode ser comprovado empiricamente é positivismo!
Hehehe.
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