Literatura (4).
O clássico da Contracultura
O criador da geração beat.
O desencadeador da rebeldia de muita gente.
O precursor do movimento “paz e amor” .
O livro de ouro dos viajantes.
O chute nos bagos da felicidade inocente do pós-guerra.
O vilão do American way of life.
A babá de uma geração vazia
Poucos livros no mundo até hoje causaram e ainda causam tanto impacto nos leitores – principalmente em jovens dos 18 aos vinte e poucos anos - quanto On the Road, do americano Jack Kerouac, lançado em 1957. Mesmo no Brasil, em que primeira edição saiu em 1984, traduzida em conjunto pelo jornalista Eduardo Bueno e o escritor Antonio Bivar, ele inspirou músicas, pessoas, idéias, comportamentos – trouxe um alento de que as coisas poderiam ser mais interessantes também por aqui.
A prosa verborrágica de Kerouac, com frases longas, improvisadas, com pouca pontuação, datilografada nos mais variados quartos de hotéis e pensões dos EUA, parece ser escrita no compasso de um be-bop (estilo de jazz feito de muita improvisação), e com a dor e a sinceridade que a voz rouca da cantora Billie Holiday nos transmite quando canta sobre seus homens que não mais lhe querem.
Depois de quase 40 anos de espera, finalmente On the Road vai virar filme, pelas mãos do diretor brasileiro Walter Salles, com a produção do mestre americano Francis Ford Coppola.
O livro
No final dos anos 40 e início dos 50, nos Estados Unidos, Sal Paradise, o narrador (alter-ego do autor Jack Kerouac), e seu amigo , o louco anarquista vagabundo e futuro guru da geração beat ,Dean Moriarty, viajam pelos Estados Unidos com pouco dinheiro e muita vontade de fazer algo que eles nem sabem o quê. No caminho, passam pelos confins dos Estados Unidos inocentemente feliz e conservador do pós-guerra; encontram e fazem muitos amigos, passam dificuldades, bebem muito; fazem festas, visitam lugares esquecidos e conhecidos, ouvem muito jazz. Quase inconscientes pelo pusilânime mundo ao seu redor, vão em busca de experiências. As encontram travestidas de formas tão estranhas que quase não as reconhecem. Mas é isso mesmo? , perguntam. E é, é isso mesmo, mas como só agora vocês foram perceber ?
A busca da individualidade perdida , que parecia tão diluída entre os louros da camaradagem e do patriotismo da vitória na guerra, teve um quase fim (pois nunca terá um fim definitivo) nos clubes de jazz ao som do be-bop desordenado ou na marijuana trocada por lucky strikes no México na última das suas viagens, ou em muitos outros lugares percorridos pela dupla.
A rebeldia, como forma de ser contra ao tradicional, de dar um soco na cara da mesmice e depois ser presa por isso, nasceu de vocês.
E a literatura como forma de transcendência, aquela que pula das páginas para nosso corpo e mente e de lá sai correndo como um cadillac possante nos puxando para a vida, como que dizendo não, você é tão medroso, acorde, veja o que te espera, deve muito a você, Jack Kerouac.
A primeira versão do livro é de 1984, da editora Brasiliense. Recentemente saiu uma edição revisada com uma nova introdução e posfácio de Eduardo Bueno.
On the Road
L&PM Pocket, 386 páginas
- Leonardo Foletto -
O clássico da Contracultura
O criador da geração beat.
O desencadeador da rebeldia de muita gente.
O precursor do movimento “paz e amor” .
O livro de ouro dos viajantes.
O chute nos bagos da felicidade inocente do pós-guerra.
O vilão do American way of life.
A babá de uma geração vazia
Poucos livros no mundo até hoje causaram e ainda causam tanto impacto nos leitores – principalmente em jovens dos 18 aos vinte e poucos anos - quanto On the Road, do americano Jack Kerouac, lançado em 1957. Mesmo no Brasil, em que primeira edição saiu em 1984, traduzida em conjunto pelo jornalista Eduardo Bueno e o escritor Antonio Bivar, ele inspirou músicas, pessoas, idéias, comportamentos – trouxe um alento de que as coisas poderiam ser mais interessantes também por aqui.
A prosa verborrágica de Kerouac, com frases longas, improvisadas, com pouca pontuação, datilografada nos mais variados quartos de hotéis e pensões dos EUA, parece ser escrita no compasso de um be-bop (estilo de jazz feito de muita improvisação), e com a dor e a sinceridade que a voz rouca da cantora Billie Holiday nos transmite quando canta sobre seus homens que não mais lhe querem.
Depois de quase 40 anos de espera, finalmente On the Road vai virar filme, pelas mãos do diretor brasileiro Walter Salles, com a produção do mestre americano Francis Ford Coppola.
O livro
No final dos anos 40 e início dos 50, nos Estados Unidos, Sal Paradise, o narrador (alter-ego do autor Jack Kerouac), e seu amigo , o louco anarquista vagabundo e futuro guru da geração beat ,Dean Moriarty, viajam pelos Estados Unidos com pouco dinheiro e muita vontade de fazer algo que eles nem sabem o quê. No caminho, passam pelos confins dos Estados Unidos inocentemente feliz e conservador do pós-guerra; encontram e fazem muitos amigos, passam dificuldades, bebem muito; fazem festas, visitam lugares esquecidos e conhecidos, ouvem muito jazz. Quase inconscientes pelo pusilânime mundo ao seu redor, vão em busca de experiências. As encontram travestidas de formas tão estranhas que quase não as reconhecem. Mas é isso mesmo? , perguntam. E é, é isso mesmo, mas como só agora vocês foram perceber ?
A busca da individualidade perdida , que parecia tão diluída entre os louros da camaradagem e do patriotismo da vitória na guerra, teve um quase fim (pois nunca terá um fim definitivo) nos clubes de jazz ao som do be-bop desordenado ou na marijuana trocada por lucky strikes no México na última das suas viagens, ou em muitos outros lugares percorridos pela dupla.
A rebeldia, como forma de ser contra ao tradicional, de dar um soco na cara da mesmice e depois ser presa por isso, nasceu de vocês.
E a literatura como forma de transcendência, aquela que pula das páginas para nosso corpo e mente e de lá sai correndo como um cadillac possante nos puxando para a vida, como que dizendo não, você é tão medroso, acorde, veja o que te espera, deve muito a você, Jack Kerouac.
A primeira versão do livro é de 1984, da editora Brasiliense. Recentemente saiu uma edição revisada com uma nova introdução e posfácio de Eduardo Bueno.
On the Road
L&PM Pocket, 386 páginas
- Leonardo Foletto -
1 Comments:
Como já falei, este foi um dos raríssimos casos em que concordei com o Foletto. :)
Vcs já sabem, então, que é a Thaís que vos fala. hehehe
Valeu, Folheto, por ter me emprestado este livro, que meu deu uma vontade enorme de sair por aí feito esses loucos, o Salt e o Dean, pq como Jack Kerouac mesmo escreveu "A estrada é a vida".
Enquanto a estrada que eu pego continuar sendo a da faixa até o campus, o jeito mesmo é viajar com essas leituras.
Ah, como diz, no início, "O vilão do American way of life.
A babá de uma geração vazia", a parte que mais me tocou no livro é quando eles vão ao México. Chega a chocar o jeito que os trabalhadores mexicanos "de olhar tristonho e envelhecido" olham para esses dois jovens estadunidenses de calças jeans: como deuses.
´Já a forma como esses dois jovens vêem seu conterrâneos/contemporâneos, é mesmo a visão de uma geração perdida.
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