Um circo.
Um grande espetáculo.
Alguém disse que era o lugar onde escritor virava pop star.
Correto.
São sete e meia, vai começar o espetáculo.
As mulheres já estão aglomeradas em frente aos computadores pra passar os seus crachás (é...lá a coisa é chique. Fica tudo registrado, se você viu a palestra, horário de entrada e saída). Algumas já estão na fila desde as seis e pouco. Estudantes de jornalismo estreando um crachá de imprensa, passam pelo lado da fila e imediatamente são vaiados pela multidão feminina. De repente, o tio dá o sinal da largada: as mulheres enlouquecidas saem em disparada rumo à lona, atropelando umas as outras. Tudo para conseguir o melhor lugar. Sobe Loyola ao palco. Inicia o “show”. A platéia vai a loucura e em coro grita: LINDO!LINDO!
Assim, depois do palco completo, começa o debate. A cada palavra, riso, ou suspiro dos escritores, a platéia bate palma, ri, grita...praticamente surta.
Mas ”surtada” estava ficando eu, com aquela algazarra.
A jornada de literatura de Passo Fundo é território das professoras de literatura. Em maior número talvez as crianças, mas com certeza não com maior entusiasmo.
À primeira vista, a euforia das “profe” até é engraçada, no entanto, quando nenhum escritor consegue concluir uma idéia sem ser interrompido por um grito, isso irrita. E novamente você se sente num circo. Nas quase duas horas em que Ariano Suassuna falou, a cada dois minutos, palmas e mais palmas para ele. Insuportável.
E as discussões diversas vezes perdem o rumo. Quando Lobão instiga a platéia e Frei Betto explica sua visão sobre a crise que o PT enfrenta, a jornada quase se torna um Fórum Social de Passo Fundo.
Sobre o seminário de jornalismo cultural não há muito o que se dizer. Só concluí que o Daniel Piza realmente é o “cara“ do jornalismo cultural e que todos os questionamentos levantados por nós em aula são “calos” na vida desses jornalistas.
É claro, que a jornada tem um papel importante. É um incentivo à leitura, principalmente para as crianças. Abre espaço para discutir o escrever. Além disso, qual o evento que traz um pianista para tocar ao ar livre com o pôr do sol de fundo? Um momento embriagante. Sem comentar o show de encerramento com percussionistas nordestinos.
Porém, não posso deixar de registrar certa decepção que tive com o espetáculo que se fez aos meus olhos. A discussão, a troca de idéias e o conteúdo estavam em baixa. Só mesmo a “carinha” do meigo Veríssimo para encerrar o espetáculo com chave-de-ouro e me deixar com vontade de mais
- Danusa Ciochetta-